A inesgotável Coimbra

Dia 29 de maio, segunda-feira bem nublada. Sempre lembrando que segundas e terças temos que ficar quietos por conta do trabalho, mas o fuso horário acaba deixando um tempo para aproveitar pela manhã. Portanto, o Fabio nos encontrou logo cedo no hotel e fomos fazer um city tour começando pela Universidade de Coimbra, uma das mais antigas do mundo (1290). A visita foi rica pois o Fabio como ex-aluno, não só sabia muito a respeito do lugar, como nos facilitou acesso aos corredores internos das faculdades em dias de aula normal com toda a movimentação dos alunos nas salas. E, claro, nos contou algumas histórias.

 

A famosa escadaria e as “bolas”de D. Dinis no topo.

A escadaria de entrada, por exemplo, tem 125 degraus em 5 lances e várias lendas. Uma delas é que cada lance corresponde ao número de anos dos antigos cursos. Deve-se subir de uma só vez. Cada tropeção, se acontecer, será o número de matérias a que se reprovará a cada ano. Outra, fala das bolas que aparecem ao final da escadaria, no alto. Duas bolas, uma de cada lado, que chamam de “bolas” de D. Dinis, o rei fundador da Universidade. Dizem que elas cairão no dia em que uma estudante se formar ainda virgem. 

A torre do sino que acordava os alunos.
Fachada faculdade de Direito.
Majestoso salão para as defesas de teses.

Estudante ensaiando a defesa de sua tese.

Lembrei meus tempos de professor e dei “uma aulinha” para a minha única aluna. Uma viagem no tempo estar em um espaço onde tanta gente muito importante transmitiu seus conhecimentos a outra tanta gente não menos importante. E assim fomos conhecendo cada pedaço dessa magnífica Universidade, suas histórias, seus personagens, seu passado e seu presente gloriosos.

Um dos momentos mais incríveis dessa visita à Universidade foi entrar na biblioteca. Do século XVIII em estilo barroco, a Biblioteca Joanina, chamada assim em memória ao Rei D. João V, patrocinador de sua construção. Indescritível. Como é proibido fotografar, não temos registro, mas tem tudo no Google. Três pisos. O Nobre onde está seu acervo de aproximadamente 40.000 volumes. E a preocupação com a conservação dos livros vai a ponto de terem duas colônias de morcegos que protegem as obras dos insetos. O Piso Intermédio, com acesso exclusivo aos Bibliotecários. O piso no subsolo era a Prisão Acadêmica, onde os contraventores do Código Judicial, próprio da Universidade, ficavam encarcerados.

Na saída, a Jussara ganhou do Fabio, de presente, uma moedinha cunhada em uma máquina dentro da universidade. Uma das mais belas bibliotecas do mundo. A visita é uma viagem no tempo e no conhecimento.

Fomos em seguida conhecer o Bar do Pinto. O lugar onde o Fabio e seus amigos da Universidade iam matar aula e tomar ginjinha, um licor muito apreciado em Portugal, feito de ginja, uma fruta bem parecida com a cereja. Claro que experimentamos e comemoramos com nosso guia e amigo seus tempos de estudante.

 

Andamos pela centro de Coimbra. Por suas partes mais antigas. Respirando uma época ainda do Império Romano. Parte dos caminhos do esgoto da cidade ainda remonta a esse período. Loucura imaginar que construções de 2.000 anos ainda funcionem.

 

A figueira milenar, incrivelmente viva. A rua mais antiga.

Suas repúblicas. Os azulejos. Cada metro, história e beleza.

 

 

Ao final do passeio, um café na Cafeteria Santa Cruz, ao lado da Igreja de Santa Cruz, na Praça 8 de Maio, no centro.

Na despedida, deixamos para a Maggie, esposa do Fabio, uma plantinha carnívora que ele viu quando passamos por uma floricultura. Esperamos que estejam curtindo muito e lembrando de nós.

Queremos deixar aqui uma recomendação muito especial. Indo a Coimbra, procure pela By Bike do Fabio. Você vai conhecer uma Coimbra como poucos.

 

No dia seguinte, mesmo sendo uma terça-feira deu para ir para Nazaré,  aproveitando o fuso horário fomos de carro. De bike não ia dar tempo de chegarmos e eu estar pronto para gravar.

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